sexta-feira, 26 de março de 2010

Tu, Eco, as decoraste;
E cortadas dos ais, assim ressoam
Nós côncavos penedos, que magoam:

Toldam-se os ares
Murcham-se as flores;
Morrei, Amores,
Que Inês morreu.

Mísero espodo,
Desata a pranto, Que o teu encanto
Já não é teu.

Sua alma pura
Nos Céus se encerra;
Triste da terra,
Porque a perdeu.

Contra a cruenta
Raiva ferina,
Taça divina
Não lhe valeu.

Tem roto o seio,
Tesouro oculto;
Bárbaro insulto
Se lhe atreveu.

Da dor e espanto
No carro de ouro
O númen louro
desfaleceu.

Aves sinistras
Aqui piaram,
Lobos uivaram,
O chão tremeu.

Toldam-se os ares
Murcham-se as flores;
Morrei, Amores,
Que Inês morreu.

Sem comentários:

Enviar um comentário