Tu, Eco, as decoraste;
E cortadas dos ais, assim ressoam
Nós côncavos penedos, que magoam:
Toldam-se os ares
Murcham-se as flores;
Morrei, Amores,
Que Inês morreu.
Mísero espodo,
Desata a pranto, Que o teu encanto
Já não é teu.
Sua alma pura
Nos Céus se encerra;
Triste da terra,
Porque a perdeu.
Contra a cruenta
Raiva ferina,
Taça divina
Não lhe valeu.
Tem roto o seio,
Tesouro oculto;
Bárbaro insulto
Se lhe atreveu.
Da dor e espanto
No carro de ouro
O númen louro
desfaleceu.
Aves sinistras
Aqui piaram,
Lobos uivaram,
O chão tremeu.
Toldam-se os ares
Murcham-se as flores;
Morrei, Amores,
Que Inês morreu.
sexta-feira, 26 de março de 2010
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